Um ponto de vista sobre a fé

Em sua coluna no site da Revista Época, a jornalista Eliane Brum relata, com sua escrita impecável e admirável, sobre sua experiência com um taxista que a fez refletir sobre a expansão do cristianismo no Brasil e de como isso influi na posição dos ateus.
A crítica da jornalista é sobre a falta de respeito dos evangélicos neo-pentecostais quanto à decisão de não-fé das pessoas.



Mas a questão, embora bem explicada e defendida pela jornalista, a meu ver, foi explorada apenas em um aspecto: a postura dos cristãos das igrejas "da moda". São igrejas que nascem sob doutrinas e ideologias suspeitas e que, realmente quando observadas sob o prisma de alguém que não tem religião, aparentam ser apenas de interesses mercadológicos e comerciais. E com razão.


Contudo, a análise da jornalista deveria ter sido feita também pensando nas igrejas evangélicas tradicionais como as Assembleias, Batistas, Metodistas ou Wesleyanas.


Isso porque eu, autora do CL, nasci e cresci sob os ensinamentos da Assembleia e, curiosamente, tive amizades com pessoas que eram desde espíritas a testemunhas de jeová e, mesmo que discutíssemos nossas diferenças religiosas, nunca faltamos com respeito um com o outro. Sabem por quê? Porque, pelo menos para mim, foi ensinado amar a Deus, amar a meus pais e amar a meu próximo como a mim mesmo e, portanto, se eu amo ser respeitada, deveria aprender a respeitar.


Isso faz parte também de uma das premissas de comunicação mais antigas que se existe: quando um burro fala o outro abaixa a orelha. Para ser ouvido, é preciso ouvir também. Se você quer cativar as pessoas à sua fé, concepção, ideologia política ou sobre qualquer outra questão, você tem que aprender primeiro a ouvir o que aquela pessoa diz sobre si mesma e acho que foi o que faltou ao taxista da "parábola de Eliane Brum".


Mas, independentemente de religiões, vale ressaltar novamente que a análise de Eliane Brum é realmente relevante, pois, antes de nos titularmos fiéis disso, ou daquilo, somos seres humanos e que precisamos exercer o respeito sobre outros seres humanos independente do credo ou a ausência dele.






Eliane Brum é Jornalista, escritora e

documentarista. Ganhou mais
de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem.
É autora de um romance -
Uma Duas (LeYa) - e de três
livros de reportagem: Coluna
Prestes – O Avesso da Lenda
(Artes e Ofícios), A Vida Que
Ninguém Vê (Arquipélago
Editorial, Prêmio Jabuti 2007)
e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois
documentários: Uma História
Severina e Gretchen Filme
Estrada.


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